1ª Temporada,

Lincoln Ando, fundador do IDwall. O prodígio dos dados.

dezembro 13, 2017

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Lincoln Ando é o co-fundador da startup IDwall e fez seu primeiro site, aos 12 anos.

Empreendedor desde os 20 anos, vendeu uma empresa de jogos, trabalhou na primeira etapa da fundação do primeiro banco digital do país, fundou o marketplace VaiVolta (startup que deixou em 2015), antes de fundar a IDwall. A startup tem pouco menos de 2 anos e já chacoalhou o mercado de fintechs e marketplaces no Brasil, solucionando a parte credencial e de prevenção a fraudes.

A IDwall, o Lincoln e o Raphael (outro co-fundador), são “a nova cara” dos empreendedores de tecnologia no país: sem estereótipos. Disputada por investidores, bancos e empreendedores com problemas de fraude e credenciamento, a IDwall já desponta como uma grande promessa no país, especialmente na revolução financeira. Bancos, empresas de crédito, marketplaces, conta pj para startups e diversas consultorias usam a solução da IDwall.

“Eu não trago pessoas para eu falar o que fazer, trago pessoas boas, para elas me falarem o que eu devo fazer.” – Lincoln Ando

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TRANSCRIÇÃO DO EPISÓDIO

Este episódio foi transcrito e editado com apoio da Conta Simples, conta digital PJ e melhor plataforma brasileira focada em cartões corporativos.

Lincoln, você pode contar para a gente qual foi o problema inicial que a IDWall tentou atacar? Você tinha visto esse problema em algum lugar, você viu que não estava sendo bem atendido?Sim. Em 2011, mais ou menos, eu estava trabalhando em um banco que estava fazendo um flip de banco de investimento para banco de varejo. Mas, esse banco de varejo queria ser 100% automatizado e eu comecei a perceber como parte das soluções do banco, quais seriam os desafios que iria enfrentar.

Desde a parte de validação de documentos, de maneira automatizada, até a parte de back-office. Se a gente quisesse automatizar todo o processo, deveríamos ter ferramentas que possibilitassem isso. Na época da conta digital eu procurei soluções de mercado e não encontrei nada, e tentamos resolver algumas coisas dentro de casa, mas não deu muito certo.

No final, o que a gente acabou fazendo foi um mix de várias tecnologias, com dezenas de integrações, para resolver esse problema. Mas mesmo assim a gente percebeu que teria que contratar um back office externo para realizar grande parte do processo. E aí a gente viu que não estávamos conseguindo viabilizar o que queríamos exatamente, por conta desse problema.

Foi onde eu comecei a perceber o problema. E, depois, eu tive uma empresa, a Vai e Volta. Lá eu percebi que esse problema não era específico do banco. De forma geral era como criar um relacionamento de confiança. Porque, no marketplace de locação de equipamentos que eu tinha, não adiantava conectar uma construtora a uma locadora em 1 segundo, sendo que elas demoravam 4 dias para entender quem era o cliente.

Então eu percebi que, no fundo, o que a gente precisava era criar uma forma instantânea de gerar confiança entre partes, e foi aí que começou a ideia.

A IDWall nasceu em 2016, com o intuito de resolver problemas de confiança. Mas no momento de lançamento da empresa, qual foi o primeiro produto que você ofereceu?

A gente identificou o problema e começamos da forma mais simples para tentar viabilizar o produto. Então, o que a gente fez foi verificar o mínimo que poderíamos desenvolver. A gente desenvolveu um dashboard em uma semana, com algumas fontes que a gente precisava consultar e, em duas semanas no total, a gente lançou a primeira versão do produto para testar se daria certo ou não.

E aí, a gente bateu na porta de algumas empresas e percebemos que aquilo fazia sentido. Embora o produto fosse muito simples, já começaram os primeiros clientes. E daí começou o produto IDWall como um todo.

Que história interessante, vocês desenvolveram um MVP em duas semanas, foram visitar bancos, fintechs, foi isso?

Exato. Até antes do MVP, a primeira coisa que a gente fez foi criar uma landing page, que a gente fez no mesmo dia, e eu enviei para algumas pessoas que eu confiava naquele mercado. E essas pessoas me deram um retorno muito positivo sobre esse produto, se seria positivo ou não.

Então foi baseado nesses feedbacks que a gente desenhou nosso MVP, em duas semanas, e começou a vender para essas empresas, que deram posicionamento positivo.

E quem estava com você na fundação da empresa? Era uma pessoa que já trabalhou com você no passado, como foi?

O Rafael estudou comigo na Unicamp, a gente fez Computação e depois ele trabalhou comigo na Original. Então, a gente tem, mais ou menos, uns 8 oito anos que a gente se conhece, e a gente sempre trabalhou junto. Ele trabalhava na equipe de inovação, no banco, e eu trabalhava na equipe de arquitetura de soluções, a gente trabalhava de forma complementar.

Tinha também o Renan, uma indicação do meu irmão, que trabalhava na IBM e ajudou muita gente nesse começo, para estruturar as primeiras versões MVP e tudo mais.

Lincoln, a história da IDWall parece interessante, porque nesses dois anos, ou menos, você cresceu uma empresa de 3 fundadores para … quantos colaboradores tem hoje?

Lincoln Ando Idwall: A gente tá chegando em 30.

Em 30, passou por fase de investimento, aceleração rápida e gerando um faturamento grande. Parece aquele manual de startup que a gente vê e que o pessoal faz piada. Mas você parece que seguiu aqueles passos e cresceu no certo, tem investimento no momento certo e gera dinheiro como tem a expectativa dessas empresas nesse momento.

O que você acha que fez, isso estava planejado? O que você acha que aconteceu para cair nessa sequência?

Lincoln Ando Idwall: Acho que tem algumas premissas do mundo de startup que são válidas, dependendo do seu business. Mas não acredito muito em playbook. O que a gente fez foi conseguir pegar uma ideia e simplificá-la ao máximo, e testar ela no mercado da forma mais rápida possível.

Para a gente foi simplesmente fazer acontecer. Foi pegar um problema complexo e entender quais eram os primeiros passos que a gente precisava dar para resolver o problema. Então a gente criou esse MVP em duas semanas e depois foi adicionando outras funcionalidades para ele ir criando corpo.

A gente foi fazendo acontecer rapidamente. Começamos em junho e no mesmo mês recebemos aporte de investidores anjos, que acreditavam na ideia, foi R$150.000,00. Depois, em outubro, a gente recebeu aporte da 500 Startups, a gente foi pro Vale do Silício, ficamos quatro meses lá, de outubro até fevereiro. Em março fechamos nosso Zig Money. 

E a gente foi crescendo. O mais legal de tudo isso é que desde o dia 0 a gente gerava dinheiro para a empresa, a gente já tinha cliente e já estava rodando. Os clientes já viam valor no produto e conseguiam pagar. Isso foi um diferencial muito grande, inclusive em negociação com investidor.

Uma curiosidade, com quantos anos você começou a empreender?

Meu primeiro projeto, eu comecei com 20 anos, mais ou menos. Eu fiz um jogo e depois eu vendi minha participação para um grupo de investidores que entrou nesse jogo. No jogo a gente ensinava o conceito de mercado financeiro utilizando o Twitter, as hashtag do Twitter, tinha que comprar e vender palavras como se fosse ações. 

Depois eu fui pra Vai e Volta, onde eu aprendi muito esse marketplace, a gente errou muito e aprendeu o que não fazer. O que me preparou para a IDWall. 

A gente foi junto pro Vale, em 2014, você tinha quantos anos?

Lincoln Ando Idwall: 2014 eu tinha 23.

E me chamou muito a atenção porque o grupo que foi tinha em média 30 anos, mais ou menos. E, você com 23, mesmo com pouca idade, já estava alinhado com a cultura startup, uma coisa que não se aprende só na literatura. Você já estava empreendendo.

Isso te preparou para o que você está vivendo na IdWall, certo? Tomada de porrada…

Lincoln Ando Idwall: Resiliência acho que é o mais importante. Principalmente na Vai e Volta, que era o marketplace em um mercado super tradicional, e eram tempos difíceis. A gente tinha pouco dinheiro para fazer as coisas acontecerem, todas as locadoras de equipamentos ficavam em Taboão da Serra, Rio Pequeno, e a gente tinha que fazer, algumas vezes, oito reuniões por dia, indo e voltando de ônibus e tomando “não” em todas as reuniões.

Acho que essa parte foi muito importante para mim.

Lincoln, hoje qual é seu tipo de cliente? Você trabalha B2B e com dados sigilosos, então como é esse trabalho de bater na porta de uma empresa grande, de um banco, de uma instituição?

A gente percebeu que tem empresas que estão no time certo para gente. São empresas que estão começando, não necessariamente a operação, mas abrindo um novo braço de operação no mundo digital. 

E essas empresas precisam lançar um aplicativo ou a versão do banco online, com determinados tipos de mecanismos antifraude ou de automação no cadastro em si. E temos também a parte que a gente faz quase um sucção, a gente entra no banco e faz a substituição de um departamento inteiro,  com 80 pessoas, por um sistema.

E a gente ainda tá aprendendo muito como fazer essas vendas. Normalmente nosso ciclo de vendas pode ir de um ou dois meses até mais de um ano, depende da complexidade do sistema, do legado e tudo mais.

O produto principal que você tá vendendo hoje qual é? Esse que está diminuindo gastos da empresa e até causando preocupação em alguns funcionários?

É uma combinação de dois produtos, a parte de validação de documentos com a parte de background check. O que a gente faz é automatizar o processo de validação de cadastro e verificação sobre a pessoa. A gente simplifica bastante e dá mais eficiência para os processos, de maneira geral.

Conta um pouco mais sobre os clientes que vocês atendem com essa tecnologia, como a 99taxi.

Quer dizer que quando eu entro em um táxi da 99taxi eu estou seguro porque a IDWall já fez uma checagem?

Exatamente, a gente faz diversas checagens para saber se aquele é um motorista que pode ter contato com outras pessoas. É algo delicado você entrar em um carro com uma pessoa desconhecida e aquela pessoa te levar para outro lugar.

Eu gosto bastante dessas empresas que produzem tecnologia invisível, que você não percebe, mas por trás é uma coisa muito inteligente funcionando.

O mais legal dos nossos clientes é quando eles postam alguns feedbacks que eles tiveram de clientes deles falando sobre como é rápido o processo de abertura de conta, de aluguel de veículo. Os clientes ficam muito satisfeitos, eles não enxergam que é um trabalho da IDWall, mas a gente consegue ver que é um reflexo do nosso trabalho.

Quem é o colaborador, a pessoa que entra para trabalhar da IDWall?

Hoje, a gente tá indo para 30 pessoas, como eu disse, e a grande maioria dos nossos colaboradores são engenheiros. Aqui a gente tem diversas funções diferentes, quem trabalha só com processamento de dados, que trabalham com processamento de imagem. É muito específico, nosso mercado é até difícil de contratar.

Mas principalmente a gente trabalha com engenheiros e engenheiras que são capazes de resolver problemas complexos, de forma geral. 

E o modelo de precificação que você colocou para as empresas, como funciona?

A gente teve diversas mentorias em relação a isso, conversamos com diversas pessoas do mercado para ver como a gente poderia praticar. E o que a gente decidiu é que seria uma mensalidade de acordo com o volume.

Começa a partir de R$500,00 e vai escalando dependendo do número de cadastros. Mas os cadastros podem ser mais simples ou mais complexos, e dependendo dessa alternância o preço muda também.

Eu tenho uma curiosidade também, algumas empresas podem precisar de uma forma mais rápida. Hoje a IDWall tá sendo procurada por todo tipo de empresa: pequena, grande e média?

Sim, inclusive a gente participou de um programa que chama Radar Santander, onde junto com o presidente do Santander, eles vão selecionar 15 empresas para trabalhar no banco em criação de soluções para o próprio banco.

A gente tá vendo a necessidade que os grandes bancos estão tendo em atualizar e desenvolver coisas novas, o que é muito positivo. Mas ainda existem várias barreiras a se quebrar.

Mas a gente tem empresas de todos os portes hoje, desde o operacional que até os bancos.

Você pode falar um pouco mais do seu background? Pode falar um pouco mais?

Lincoln Ando Idwall: Eu sempre gostei muito de programar. Com 12, 13 anos eu comecei a programar. Meu primeiro site foi sobre Yu-gi-oh, era muito voltado para meus hobbies, também voltado para essa coisa nerd.

Depois eu fiz curso técnico, então eu fiz ensino médio de manhã e técnico a tarde, em Mococa, no interior de São Paulo. Aí eu percebi que muita coisa que eu estava aprendendo técnico, eu já tinha aprendido sozinho. Então eu larguei o técnico e decidi estudar sozinho. Depois, com 17, eu entrei na Unicamp, para fazer computação.

E aí eu percebi também que o que eu estava aprendendo na faculdade eu já estava aprendendo sozinho, em relação a programação, mas eu terminei a faculdade. Uma coisa que me chamou muita atenção na faculdade era a questão de cálculo, esse tipo de coisa. Pra mim não ia ter uma utilidade muito grande, mas acho que desenvolve a forma de pensamento ali e também é resiliência.

Mas a parte de empreendedorismo na faculdade, eu achei muito fraco para ser sincero, e eu comecei a ter contato com o empreendedorismo quando estava trabalhando no Original. 

Antes disso eu trabalhei com desenvolvimento de software de maneira geral, em uma empresa que fazia antivírus, firewall, load balancer, esse tipo de coisa. Então eu trabalhava com segurança. Depois eu fui convidado para trabalhar como arquiteto de soluções no Banco Original.

E depois do Original eu comecei a entender mesmo e dedicar 100% do meu tempo para o desenvolvimento de uma empresa. Foi uma curva de aprendizado interessante. Eu fiz computação achando que eu ia trabalhar com máquinas, achando que eu não ia precisar lidar com pessoas e foi o total oposto. Hoje 90% do meu tempo é conversando com pessoas e 10% no computador, respondendo pessoas por e-mail.

Você ainda programa?

Infelizmente eu não programo mais, eu gosto muito de programar ainda, mas na IDWall eu não consigo programar mais.

Interessante a história da IDWall porque são três caras técnicos que começaram e não tem ninguém de business. Você assumiu organicamente ou foi uma precisão mesmo no início?

Lincoln Ando Idwall: Como eu comecei a Vai e Volta com amigos também, e eles também eram da computação, eu vi que alguém precisava fazer a parte de business, então foi um incentivo eu pegar essa parte e acabei assumindo desde a Vai e Volta. 

Tanto a parte de negócios, estratégia da empresa, como o relacionamento com investidor. E foi uma escola para mim, onde eu aprendi muito o que não fazer.

E, hoje, como você define seu papel. Você é um CEO jovem que tem 30 pessoas em baixo, 3 fundos de investimentos. Como você define seu papel hoje como o líder da IDWall?

Lincoln Ando Idwall: Eu acho que é exatamente o líder. Tentar liderar as pessoas por um caminho, mostrar para elas a visão, a estratégia de como a gente vai chegar lá e ajudá-las.

Eu acho que o papel do líder é sempre ajudar as pessoas. Porque quem vai fazer as grandes conquistas são as pessoas que estão trabalhando ali também. Então eu sempre pergunto como eu posso ajudar, o que eu posso fazer é oferecer plataforma para pessoas crescerem e fazer a empresa crescer também.

Então eu acho que esse é meu principal papel aqui, de forma geral.

Como é sua rotina, sua agenda? O que que você tenta fazer com horários? Como é o seu trabalho no dia a dia?

Lincoln Ando Idwall: Eu tive uma boa escola também. A Bedy já veio em alguma edição passada e ela falou sobre treinar equipe. E é o que eu faço muito aqui. Tentar trazer líderes para me ajudar em determinados aspectos e para escalar no trabalho. 

Trazendo bons líderes para as áreas eu consigo me aliviar bem e eu tento dividir o meu dia. No primeiro dia da semana, a segunda-feira é só para reuniões internas. Eu ainda vendo bastante, então a agenda se divide muito entre vendas, planejamento e relacionamento com investidor.

Mas um dia inteiro eu me dedico para a equipe interna, para fazer com que eles estejam alinhados e a coisas estejam caminhando bem aqui.

Quem você procura para trabalhar na IDWall, você procura ativamente isso?

Lincoln Ando Idwall: Sim, é muito difícil. A gente tem uma questão de cultura muito forte, então para gente não basta só a pessoa ser boa tecnicamente. É até por um lado frustrante, a pessoa passa em todas as entrevistas e chega na parte de cultura e ela não passa.

Porque a gente não está construindo um produto, estamos construindo uma empresa, então tem que ter um elemento cultural muito forte. De forma geral a gente procura pessoas com espírito empreendedor muito forte, que consiga olhar para as coisas de forma simples e aprender e executar de forma rápida. 

A gente é super tolerante a falhas, mas a gente sempre fala que não se pode falhar duas vezes na mesma coisa. Então a gente procura pessoas que consigam trabalhar com esse time de ambiente. 

Onde, não necessariamente eu tenho que falar tudo o que ela tem que fazer, mas que ela consiga ter essa clareza. Eu brinco que eu não trago pessoas boas aqui para trabalhar comigo, para falar o que elas fazem. Eu trago pessoas boas para elas me falarem o que eu devo fazer.

É muito importante para mim trazer pessoas boas que, independente da área, independente do nível, elas consigam sempre agregar algo, que vão além às vezes até da função dela na empresa mas de forma geral no todo.

Sobre o Like a Boss

O Like A Boss é apresentado por Alura, Caelum e Vindi. Participe também do grupo exclusivo ouvintes do Like a Boss no Telegram.

Produção e conteúdo:

Edição e sonorização: Radiofobia Podcast e Multimídia

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