8ª Temporada,

Priscila Siqueira, CEO da Gympass no Brasil. Uma recorrente global.

março 17, 2021

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Depois de quase 12 anos como executiva da Oracle, Priscila assumiu o desafio de ser a CEO no Brasil da Gympass e liderar um time de milhares de pessoas no país.

Presente em 11 países, a Gympass é líder em saúde, qualidade de vida e bem-estar no Brasil. Fundada em 2012 como uma solução de marketing para academias, a empresa se reinventa sempre, e é uma das principais referências para as áreas de recursos humanos por aqui e em países como Inglaterra e Espanha. Está escalando e liderando seu setor, globalmente.

A Gympass é um case único de mudança de rota (pivot), fundraising e de impacto direto na vida de quem usa o serviço. É uma recorrente global!

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Transcrição do episódio

Este episódio foi transcrito e editado com apoio da Conta Simples, conta digital PJ e melhor plataforma brasileira focada em cartões corporativos.

Priscila, você pode nos contar por que o Gympass nasceu e qual era a dor das pessoas no início de tudo?

Priscila Siqueira, CEO da Gympass: O Gympass nasceu porque os dois cofundadores, o Cesar e o Vinícius, estavam fazendo um summer job no MBA da Mackenzie e começaram a reparar que havia uma ociosidade nas academias. Em contrapartida, havia várias pessoas que queriam acessar e praticar suas atividades nas academias, mas a relação com a academia não era das melhores. Isso fez com que eles vissem uma oportunidade e foi, então, que surgiu o Gympass.

No início, o foco da Gympass era a geração de leads para as academias.  Isso mudou depois?

Priscila Siqueira, CEO da Gympass: A princípio, o objetivo era vender vouchers para as academias. Mas houve algumas mudanças, pois o Cesar percebeu que as pessoas que procuravam o Gympass já praticavam atividades físicas.

Esse objetivo trouxe um impasse e uma relação não muito boa com as academias, porque elas começaram a se queixar que seus clientes estavam procurando outras academias.

Um de nossos clientes nos ligou e falou que tinha uma política de reembolso, estava reembolsando muito o Gympass e queria saber se havia possibilidade de fazer algo diretamente conosco. Foi, então, que mudamos o nosso modelo de negócios.

Saímos do modelo de vender entradas para a academia para fazer um benefício para o RH, e aí, começamos a fazer uma parceria com o cliente que sugeriu o B2B, vendendo diretamente para as empresas.

Isso se deu porque nós começamos a olhar um público que não era apenas um público praticante de atividades físicas… Nós tivemos a oportunidade de desenvolver junto à empresa um conhecimento acerca das pessoas que não praticavam atividades físicas e levá-las para as academias.

O que a gente queria deu certo, que era levar mais gente para a academia ao invés de ficar competindo entre os mesmos usuários, aí o número de pessoas que começou a frequentar as academias aumentou.

Como vocês começaram a se comportar no momento de pandemia com o fechamento dos estabelecimentos?

Priscila Siqueira, CEO da Gympass: Nós não tínhamos produtos para entregar ao cliente com as academias fechadas, e tem uma coisa que o Gympass nunca perdeu ao longo desses anos, que é esse mindset de startup.

Nós sabíamos o que poderia acontecer aqui no Brasil, por conta de o Gympass atuar em mais de 11 países, e já observamos esse acontecimento na Europa e começamos a nos preparar. 

Já havia um projeto a ser lançado no final do ano passado que era colocar em prática o uso do wellness, que são os aplicativos de bem-estar.

Para vocês entenderem, as empresas que têm Gympass disponibilizam para os colaboradores o acesso a todas as nossas academias. No caso do wellness, fizemos a mesma coisa. Colocamos vários aplicativos na plataforma para que os nossos usuários pudessem acessar. O que fizemos foi antecipar esse projeto já na época da pandemia.

O produto estava ainda inacabado, então lançamos uma versão Beta. Na época, os clientes não sabiam o que fazer porque precisavam atender os colaboradores e não havia uma solução no mercado.

A partir de então, evoluímos juntos, oferecendo várias soluções digitais. Resumidamente, eu costumo dizer que mudamos do on para o off, mudamos do on-site para começar a fazer isso offline.

São aplicativos com aulas online de academias que nunca pensaram que poderiam fazer isso, e ajudamos todo esse ecossistema a colocar aulas digitais, incluindo personal trainer digital com mais de 1 milhão e meio de horas.

Na pandemia, mudamos novamente e saímos de atividade física para cumprirmos essa nova missão digital, que consiste nessa plataforma de bem-estar que, inclusive, não é somente inerente à atividade física, há também saúde emocional e mental, nutrição, meditação, aplicativos para as pessoas pararem de fumar, educação financeira e tudo o que está relacionado ao bem-estar.

Nós ampliamos a nossa atuação e, como todo mundo, aprendemos a ser mais digitais pela necessidade que todos estão passando nesse momento.

Em relação ao canal do B2C, há alguma venda direta por algum canal puro B2C?

Priscila Siqueira, CEO da Gympass: Mesmo olhando para o B2B, nós sempre olhamos para o B2C. Na pandemia, tivemos a contratação de vários influencers em numerosas ações de marketing porque vimos que as empresas estavam com um grande desafio de se comunicar com seus colaboradores.

Esse trabalho de agregar ações nas redes sociais com influenciadores digitais foi muito mais voltado para fomentar os usuários dessas empresas, para que eles não se esqueçam e estejam sempre ativos no desejo de se exercitar, pois em época de pandemia, estão todos com o olho na telinha.

Isso se fez também para apoiar a empresa nesse sentido, no incentivo de seus colaboradores, não mantendo o foco necessariamente no B2C.

Em relação ao B2C, nós temos times muito bem separados, que é o time que trabalha com o enterprise e o RH, e tem o time que foca mais no B2C ou usuário final.

Estamos prestando serviços para as duas pontas, seja para o usuário final com todo um trabalho de marketing, buscando fãs ou criando grupos, ou para prestar serviços mais direcionados ao B2B que se relaciona com a entrega dos serviços à empresa, pois chegamos a um momento em que todos os RHs precisam ter qualidade de vida.

A estratégia é pegar tudo isso e criar uma qualidade de vida integrada em que exista uma régua de comunicação e as ações que ele vai realizar junto aos colaboradores de uma forma mais estruturada. Em relação à marca, há um time direcionado a essas questões de branding, por isso, temos times focados em cada pedacinho.

Sobre o modelo que você colocou sobre o B2B e B2C, tem algum sucesso dessa conversa com o RH no alinhamento com essas pessoas para que elas usem as academias?

Priscila Siqueira, CEO da Gympass: Nós temos um playbook bem estruturado, não se resume apenas a ter um benefício pelo benefício com descontos em academias. Nós procuramos oferecer o benefício real, que é aumento na produtividade, argumentando sobre a questão dos estudos sobre a redução de custos da empresa com sinistralidade. 

O objetivo é mostrar que todos saem ganhando com isso, as academias ganham porque terão mais clientes, o RH ganha porque tem o benefício das pessoas estarem mais ativas, e o colaborador ganha porque obtém mais facilidade de fazer uma atividade que ofereça qualidade de vida. Nós buscamos entregar o serviço para todos os componentes de cada etapa desse ecossistema.

Já na empresa, é mais tangível essa abordagem quando apresentam, por exemplo, a situação de haver só 5% dos funcionários que fazem atividades físicas, o nosso foco no caso não é esse, mas sim os 95% que não se exercitam.

Há um desafio colocado que é trazer essas pessoas, daí entra o engajamento do usuário, e nós trabalhamos forte nisso. Nós já aprendemos aqui quais são as ações a serem tomadas para incentivar essa pessoa a mudar de hábito. 

Resumidamente, nós aprendemos a como engajar o usuário e como trazê-lo para fazer parte desse ecossistema (com isso, há um benefício para o RH, para a academia e, finalmente, para o usuário). 

Para que isso tudo ocorra bem, há a necessidade de uma boa comunicação, para que não passe a ser um boom no começo e depois ninguém vai mais, porque mudança de hábito é uma coisa constante, nós temos que saber exatamente como falar com esse usuário para que ele não perca esse estímulo. 

Você poderia nos contar um pouco sobre o tamanho da Gympass no Brasil e sua atuação pelo mundo?

Priscila Siqueira, CEO da Gympass: Hoje, estamos presentes em 11 países, na Europa Ibérica, nos Estados Unidos e, aqui na América Latina, no México, Argentina e Chile.

O nosso foco, atualmente, é consolidar o nosso produto nesses países, principalmente os Estados Unidos.

Cada região tem sua peculiaridade. O Brasil, por exemplo, tem uma visão completamente diferente do México quando se trata de qualidade de vida, e há uma abrangência enorme, o que não torna simples trabalhar com cada região.

Em relação a novos países, há mais passos a serem dados pela Gympass?

Priscila Siqueira, CEO da Gympass: Nosso foco, atualmente, como já dito, é nos consolidarmos nessas regiões que já estamos, sendo uma plataforma de saúde e bem-estar que atenda a todos de forma universal, utilizando um modelo híbrido que permeia o digital e o físico, oferecendo acesso às diferentes modalidades de atividades relacionadas à saúde física, mental e emocional.

Queremos ser personalizados para que o cliente seja atendido por uma prestação de serviço que dê sentido a ele, incluindo preço, região e preferências pessoais.

O que você estudou e fazia antes da Gympass?

Priscila Siqueira, CEO da Gympass: Eu sempre fui de tecnologia e comecei a programar quando tinha 16 anos, fiz um colégio técnico e trabalhei nisso.

Com 18 anos, eu fui para uma empresa de ERP na época do boom dessa área. Comecei a trabalhar com uns projetos em um software que se chamava Baan, que era um dos maiores concorrentes da SAP no Brasil. Fiquei por alguns anos, saí da área técnica e fui para a área de consultoria e implementação de projetos.

Minha vida toda foi no mundo de tecnologia, até que eu fui para uma startup, na área de implementação de projetos em uma empresa chamada HPS, que era parceira e tinha 12 pessoas. 

Nessa época, eu tinha 18 anos, lembro que fui fazer entrevista, e a pessoa que me entrevistou me perguntou: “Priscila, o que eu vou fazer com uma menina no meio de 12 homens?”, e eu falei de forma direta que fui lá para trabalhar.

Chegando em casa, triste, eu lamentava achando que tinha perdido a vaga, porque fui um tanto ríspida. No final das conta, ele me aprovou, falando que me contratou porque eu parecia meio brava.

Ali, eu comecei uma história maravilhosa com eles, fiquei por 10 anos e saí quando a empresa já tinha mais de 300 pessoas. E saí de lá para a  Hyperion, que era uma startup de software de orçamento que foi comprada pela Oracle, daí fiquei com a Oracle por todo esse tempo.

Fiquei na área de pré-vendas, saindo de lá como vice-presidente do Oracle Digital, que é como se fosse um SMB da Oracle.

Ali foi onde eu comecei a minha relação com as startups e comecei a ver que há uma coisa muito interessante nas startups, porque elas precisam se profissionalizar, e então, eu achei que pudesse contribuir.

E, enfim, aqui estou eu no Gympass, troquei uma outra oferta de uma empresa gigantesca de tecnologia para vir pra cá e estou aqui feliz construindo essa história. 

Sempre tive que trabalhar, então, eu fiz uma universidade de tecnologia, que falavam que era a faculdade da IBM e todos que estudavam lá precisavam também trabalhar.

Depois fui me especializando, fiz exame na GV e fiz um GMP, que é um general manager na Harvard.

Mas nada melhor do que trabalhar em uma startup em que a gente é um MBA ao vivo, onde eu posso juntar as coisas que eu mais gosto, que é a tecnologia e fazer o bem para as pessoas.

Como CEO da Gympass, qual é o seu papel dentro da empresa?

Priscila Siqueira, CEO da Gympass: Lá dentro, meu papel segue sendo o de consolidar e expandir o Gympass tanto na obtenção de novos clientes quanto na manutenção e satisfação dos clientes atuais. Sendo o Brasil um dos maiores países do Gympass, tenho a grande responsabilidade de manter a empresa aqui e fazer sair as grandes inovações para o mundo todo.

Tenho um trabalho muito forte que é a diversidade e inclusão. Fazer com que as pessoas sintam orgulho de participar do Gympass e do que entregamos para o mundo e o mercado e que vejam que todos nós temos oportunidades não somente dentro do Gympass, mas também levando oportunidades para as pessoas serem mais saudáveis e mais felizes. Enfim, levar coisas boas… 

Sua rotina é caótica ou você tem conseguido equilibrar os pratinhos respondendo às mensagens e sendo também convidada para podcast?

Priscila Siqueira, CEO da Gympass: Eu não sei se é caótica, mas é uma rotina bem intensa, eu tenho conseguido na medida do possível equilibrar os pratos em todos os sentidos, não só na questão de trabalho como também na questão pessoal. Pregamos muito que devemos viver a nossa missão, que é fazer com que as pessoas tenham uma qualidade de vida melhor.

Nós temos que usar e executar isso dentro de casa. Tem um ditado que eu gosto muito de falar com o meu time que é: “se você não ensina seu filho a comer de garfo e faca, ele não vai comer no restaurante”. Então, eu acredito que toda a transformação é de dentro pra fora, se eu não tenho uma boa qualidade de vida ou se eu não treino e vivo aquilo que eu entrego, não consigo entregar a melhor solução para o público.

Eu tenho só uma filha e costumo levar ela para a escola, abro mão disso raríssimas vezes quando tenho que viajar, porque é o momento que eu estou ali com ela. Depois disso, são reuniões.

Eu tenho que mesclar o começo do parto com o final, e nisso, eu tenho que me cuidar para dar o exemplo.

Para suas contratações, seja para pessoas que te respondem diretamente ou para lideranças do Gympass, quais são as características que sempre te chamam mais atenção nas pessoas?

Priscila Siqueira, CEO da Gympass: Eu gosto de gente que faz… Um tema que pega não é o que a pessoa já fez, mas sim o que ela faria e quais suas capacidades diante disso.

A pessoa deve ser capaz de se adaptar rapidamente, buscar uma solução e fazer alguma coisa, não dá para ficar olhando pro teto, então eu gosto de gente que faz, que pensa e que traz novas ideias.

Às vezes, as ideias são uma loucura no começo, mas de repente, em mais duas ou três conversas, elas se tornam uma coisa interessante, e esse é o ponto.

Porque uma coisa que eu prezo muito é a conversa e a transparência com todo mundo em uma comunicação muito aberta. Sempre falo que uma empresa de tecnologia que requer inovação não pode ter muitos níveis. Tem que haver proximidade entre uns e outros com muita conversa porque a inovação tem que vir rápido.

A gente tem uma cultura muito forte no sentido de estar sempre trocando ideias e conhecimento.

Nos meus cafés da manhã, há conversas com os times de todos os níveis para podermos escutar e colocar alguma ideia em prática. Gosto sempre de dar algumas missões para o pessoal, como desenvolver ou estudar alguma coisa.

Aí, o pessoal monta grupos de estudo e, às vezes, isso funciona mais do que ter um mega background de escola.

Produção e conteúdo:

Edição e sonorização: Radiofobia Podcast e Multimídia

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